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Como Montar uma Liga de Cirurgia

 

Como criar uma Liga Acadêmica de Cirurgia em 12 passos

 

A Liga Acadêmica de Cirurgia (LAC) é uma entidade organizada por acadêmicos e professores do curso de medicina e que tem como fins primários divulgar a especialidade, resgatar a relação médico-paciente e permitir o ensino da Medicina através de atividades práticas. Este manual foi elaborado para auxiliar na estruturação e manutenção de uma LAC, com o intuito de encurtar o caminho que nos leva à concretização desses objetivos.

A LAC deve ser formada com o principal objetivo de incrementar positivamente a formação acadêmica dos alunos membros, estando fundamentada em três esferas: ensino, pesquisa e extensão. Ela deve ser caracterizada como uma atividade extracurricular, não devendo, portanto, ser vista como uma maneira de suprir as deficiências por ventura encontradas na grade curricular do curso médico.

A primeira medida a ser tomada para a fundação de uma LAC, consiste no agrupamento de acadêmicos interessados. O aluno planejador deve identificar colegas dispostos em ajudar na construção da liga. Tendo definido o grupo, deve-se estabelecer a diretoria (descrita no “Modelo de Estatuto de LAC” disponibilizado neste mesmo site). Um professor deve ser convidado com a finalidade de coordenar a nova associação.

Este professor e os membros da diretoria formarão uma Assembléia que irá elaborar o estatuto, institucionalizando esta e tornando-a uma entidade reconhecida pela universidade e registrada na Pró-Reitoria de Graduação e/ou no Centro Acadêmico, o qual poderá orientar e auxiliar a LAC. Da mesma forma, esta poderá se filiar à Associação Brasileira das Ligas Acadêmicas de Cirurgia, o qual promoverá a interação entre os acadêmicos de Medicina do Brasil.

A preocupação deve então ser voltada para os professores que serão responsáveis pelas diversas atividades. Com a ajuda do professor – responsável, deve-se estipular e convidar professores com duas finalidades primordiais: a de orientar trabalhos científicos e a de coordenar os atendimentos ambulatoriais (preceptor). Devem-se considerar outras atividades, como discussão de casos clínicos, palestras, aulas, campanhas comunitárias, simpósios e cursos que também necessitarão de professores responsáveis. Vale ressaltar que os preceptores podem se residentes de Cirugia Geral (R1, R2 ou R3) ou de qualquer outra especialidade, desde que já tenham passado pelos 2 anos obrigatórios de residência em Cirurgia Geral.

Para se efetivar as realizações, a liga deve dispor de estrutura física, para isso, precisará contar com o apoio de dirigentes da Universidade, que irão ceder espaço para as reuniões e atendimentos ambulatoriais.

É fundamental a construção de um cronograma contendo as tarefas e obrigações a serem cumpridas, assim como os preceptores responsáveis e os alunos membros que irão desenvolvê-las.

A partir daí, a diretoria deverá organizar o primeiro Curso Introdutório, que será realizado anualmente, com a finalidade de selecionar os novos membros através de prova sobre o conteúdo das palestras ministradas. No primeiro curso introdutório, deverão ser abertos vagos para terceiro, quarto e quinto anos, sendo que nos cursos seguintes as vagas deverão ser restritas ao terceiro ano, de forma que a LAC conte sempre conte com o mesmo número de membros de cada uma das três séries. Sugerimos que as aulas sejam restritas a temas de semiologia e propedêutica, permitindo assim que os terceiranistas tenham possibilidade de ingressar na liga.

É relevante discorrer sobre o financiamento da LAC, que necessitará de fundos para se estabelecer. Caso não haja uma instituição ou departamento que sustente a LAC, formas alternativas para arrecadação de verbas podem ser utilizadas, como, por exemplo, a promoção de cursos de atualização em tópicos de Cirurgia (além do próprio curso introdutório).

Os alunos devem trabalhar de tal maneira que integrem as três esferas fundamentais em que uma Liga Acadêmica deve se basear: ensino, pesquisa e extensão.

Baseado nessas três esferas fundamentais, dar-se-á início às atividades, norteadas pelo cronograma pré-estabelecido. Nesse sentido, são obrigatórias as seguintes atividades: 1) assistenciais com atendimentos ambulatoriais; 2) em campo, de extensão, promovendo integração acadêmica com a comunidade; 3) e de pesquisa, segundo programas de iniciação científica. A LAC deve estar atenta no cumprimento dessas três obrigações para um bom funcionamento.

Os atendimentos ambulatoriais são feitos semanalmente em dia pré-estabelecido e horário extracurricular, sob orientação dos preceptores. Esta prática permite acompanhar o paciente há longo prazo e avaliar a evolução do mesmo após a instituição da terapêutica adequada. O programa de triagem no qual se propõe a encaminhar pacientes para o ambulatório é de suma importância para o pleno funcionamento da LAC. Os pacientes novos, que não estão em acompanhamento, devem ser encaminhados para a liga pelos professores da Cirurgia Geral, que terão em mãos o cronograma a ser seguido. Os pacientes “antigos” poderão manter-se em acompanhamento com a liga ou receberem alta, assim como serem encaminhados para outras especialidades, de acordo com a decisão do preceptor presente.

Os atendimentos são efetuados em grupos de dois ou três membros, com um representante de cada série (3ª, 4ª e 5ª), de forma que os alunos de turmas mais avançadas auxiliem os das inferiores (ensino vertical). Os pacientes são dispensados pelos preceptores, após discussão com os acadêmicos em relação às hipóteses diagnósticas e condutas a serem tomadas.

Ainda na questão do ensino, não podemos nos esquecer das discussões de casos clínicos, nas quais um aluno apresenta um caso do ambulatório ou da enfermaria de Cirurgia sob supervisão de um preceptor (residente ou professor), permitindo a troca de conhecimentos entre todos os membros da LAC, que deverão opinar a respeito do diagnóstico e conduta a ser tomada.

Além disso, não podemos nos esquecer de que um dos principais objetivos da LAC é proporcionar uma melhor assistência aos pacientes e às suas comunidades, tendo os programas de Extensão Universitária papel crucial na concretização dessas metas. Essas atividades deverão se caracterizar como programas de assistência à comunidade, enfocando a promoção de campanhas de saúde, realização de palestras, distribuição de material didático a respeito de temas médicos, etc. Campanhas de ajuda comunitária, como, por exemplo, Campanha do Agasalho, arrecadação de alimentos e brinquedos, são sempre de grande valia, embora não se classifiquem como Extensão Universitária. Sugiro filiar-se ao Centro Acadêmico (CA) de sua Faculdade, pois normalmente este participa de programas sociais.

Não cabe aqui a discussão de como se produzir trabalhos científicos, e sim enfatizar a importância destes para a medicina e para a formação médica dos acadêmicos. A liga estabelecerá temas a serem estudados, junto com os professores orientadores. Existe também a possibilidade de a liga participar de estudos científicos realizados pela Sociedade Brasileira das Ligas Acadêmicas de Clínica Médica, desde que tenha previamente se filiado ao mesmo. Nosso objetivo é promover estudos científicos multicêntricos envolvendo todas as ligas filiadas, tornando a amostragem maior e o resultado mais significativo.

Portanto, para criar-se uma liga devem ser seguidos os seguintes passos:

1) Respeitar a ética médica;
2) Agrupar alunos interessados;
3) Constituir a diretoria;
4) Convidar um professor para coordenar a futura liga;
5) Elaborar o estatuto;
6) Filiar-se às entidades auxiliadoras;
7)Estabelecer um cronograma de atividade;
8) Convidar professores responsáveis pelas atividades;
9) Dispor de estrutura física;
10) Realizar o curso introdutório, selecionando membros;
11) Levantar fundos;
12) Efetivar todas as obrigações pré-concebidas regidas pelo estatuto.

 

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